Por Adriano Oliveira – Cientista Político – E-mail: adrianopolítica@uol.com.br
Existem diversas obras acadêmicas sobre a escolha do eleitor nas disputas presidenciais. Recentemente, obras científicas têm surgido para explicar o comportamento do eleitor nas eleições municipais, em particular, nas capitais. Os cientistas políticos Antonio Lavareda e Helcimara Telles, junto com outros autores, têm dado contribuição relevante neste âmbito.
Como vota os eleitores em cidades do interior? Pesquisas quantitativas e qualitativas têm contribuído para o encontro da resposta para tal pergunta. E após a vindoura eleição municipal, a resposta estará em meu próximo livro. Municípios com até 200 mil eleitores são considerados por mim como cidades do interior. Nestes municípios, os mecanismos da eleição diferem fortemente dos observados nas capitais.
Em cidades do interior, o eleitorado, tradicionalmente, está dividido em dois grupos. O grupo da situação e o grupo da oposição. Estes podem ser classificados em cores. Ou seja: a cor vermelha representa o grupo da oposição. E a cor azul, o grupo da situação. Os grupos azul e vermelho possuem um líder ou três líderes, no máximo. Mas também existe o grupo dos indiferentes, o qual não é tão nítido, pois os eleitores não pertencem aos grupos da situação e da oposição.
O líder do grupo da situação conquista e “controla” o eleitor através da oferta de empregos e distribuição de benefícios diversos, os quais têm origem no exercício do poder na prefeitura. O líder do grupo da oposição distribui benefícios variados para manter a união do grupo, pois membros podem ser cooptados pelo líder do grupo 1. Ambos os líderes utilizam de estratégias de comunicação. Mas elas são instrumentos secundários. O instrumento principal é a distribuição de benefícios. Portanto, o uso do poder econômico. A paixão dos eleitores pelos grupos, em razão de benefícios obtidos no passado, também sustentam a força dos grupos.
O grupo indiferente é formado por eleitores que estão à procura de um líder. Este líder não faz parte da tradição política da cidade. É um outsider, é o novo. Deste modo, indago: Se um novo líder surgir no âmbito dos eleitores indiferentes e conseguir conquistar eleitores que “pularam” do grupo 1 ou 2 em razão da insatisfação ou de sentimento de mudança, ele adquire condições de vencer a disputa municipal? No interior, a lógica eleitoral aparenta ser simples. Contudo, os eleitores indiferentes são atores estratégicos.
Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política
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