Depois de uma semana de greve os professores da rede pública municipal, representantes da categoria se reuniram em um ato, na manhã de hoje (09), no bairro Iguatemi, em Salvador. Cerca de 80% das 440 escolas municipais de Salvador estão sem aulas, podendo alcançar 7 mil professores e prejudicar 140 mil alunos da rede pública do município.
Entre as principais reivindicações, está a universalização da reserva que, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação o Estado da Bahia (APBL), consiste em garantir aos professores um terço da jornada para atividades fora da sala de aula, consideradas inerentes à profissão.
“É um direito do professor ter esse período para planejar, estudar, preparar a sua aula, os seus trabalhos, mediando seus conhecimentos com os alunos. É um momento propício para a nossa categoria, para a nossa função, nossa missão de professor. A secretaria de Educação não universalizou a reserva da jornada, então nós temos diversas escolas onde, ainda, não foi implementada essa reserva”, disse uma das diretoras da APLB, Elza Melo.
Bruno D’Almeida é pai de um aluno de 12 anos que estuda na Escola Municipal Visconde de Cairu. Para ele, a situação dos pais e estudantes é difícil, mas a greve serve como uma aula de cidadania. “Meu filho tem essa consciência: ele aprova a greve e acha que é importante, porque isso também é aula. É aula de cidadania. Professor lutando também é professor ensinando, então a gente não acredita que esse discurso, de que a greve vai prejudicar o aluno seja verdade. O que nós desejamos é, fundamentalmente, a melhoria na educação”, disse o pai do estudante do 8º ano, do ensino fundamental.
A greve da categoria foi deflagrada na última quarta-feira (02) e uma assembleia na última segunda (07) decidiu pela continuidade das paralisações. A professora Ângela Silva, da Escola Municipal Cristo Rei, no bairro Boca da Mata (região periférica de Salvador), diz que é importante a compreensão e o apoio dos pais dos alunos.
“Não [queremos] necessariamente que eles entendam, mas que busquem soluções junto com os professores. Que eles vão à luta e que não pensem que a culpa é nossa [professores], por estarmos em greve. A gente não parou porque não gosta de trabalhar, mas porque as condições não permitem que a gente continue no campo de trabalho”, disse uma das profissionais que cruzaram os braços.
Uma nova assembleia da categoria está marcada para a próxima sexta-feira (11), quando serão definidos os rumos da paralisação.
Resposta da prefeitura
Em nota, a prefeitura de Salvador disse lamentar a continuidade da greve dos professores. Afirma ter concordado com todas as condições da categoria, incluindo assinatura de um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público. “Mas infelizmente a intransigência e a disputa política interna pelo comando da APLB estão prejudicando cerca de 150 mil estudantes”, diz a nota.
Em relação à reserva da jornada de trabalho, a Prefeitura diz que 89% das escolas da rede municipal já têm o método implantado. A nota confirma que os professores paralisados terão ponto cortado e que a prefeitura teme que isso prejudique os profissionais que continuam em salas de aula.
“A ameaça de corte de salário, nós entendemos como injusta, não concordamos, porque a greve é responsabilidade do executivo municipal. Portanto, nós repudiamos essa forma como o executivo tem tratado o movimento”, declara a Diretora do APLB sindicato, Elza Melo.
Agência Brasil