A cidade de Maricá, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, foi a que mais sofreu com a forte chuva que atingiu a região na última segunda-feira (29). No total, 500 pessoas estão desabrigadas e 2 mil desalojadas (que não precisam de abrigo da prefeitura). A professora Lúcia Coutinho, moradora do Condomínio Carlos Marighella, do programa Minha Casa Minha Vida, no bairro de Itaipuaçu, disse que o cenário no momento da chuva era de terror e total desespero para os moradores.
“Eu estava em casa com a minha filha e o meu bebê de apenas 30 dias quando a água começou a cair de maneira muito intensa. Eu não tive tempo de fazer nada, porque minha casa ficava ao lado do rio que passa por ali. Entrava água por tudo que era lado: vaso, pia, ralos, porta, janela etc. Minha reação foi a de pegar meus filhos e sair no meio da enxurrada para tentar salvá-los, que era o que importava. Perdi tudo depois daquele dia e muita gente passou pela mesma situação. Eu via muitas pessoas desesperadas, crianças gritando. Maricá viveu um cenário digno de filme de terror”, lembrou, emocionada.
O prefeito de Maricá, Washington Quaquá, atribuiu o fato a uma suposta proibição de abertura do Canal da Barra por parte do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e do governo do estado. Quaquá acreditava que a medida permitiria a saída do excesso de volume de água das lagoas da região. “Infelizmente, há um mês, já prevendo as chuvas de fevereiro e março, iniciamos a abertura do canal, mas não só fomos obrigados a parar pelo Inea, como tivemos de fechar novamente o que já tinha sido aberto”, disse.
Em nota, o Inea informou que a pedido da prefeitura de Maricá, fez vistorias nos dias 22, 23 e 24 de janeiro na Lagoa da Barra. Na ocasião, segundo o instituto, o nível da lagoa estava em 40 centímetros e o parecer unânime dos técnicos, que teve a concordância dos representantes do município, foi o de que a abertura do canal para o mar não seria adequada naquele momento.
Ainda de acordo com a nota, o monitoramento do nível da lagoa é feito diariamente, às 7h e às 17h. Na segunda-feira (29), às 7h, a Estação Fluviométrica indicava que o nível da Lagoa da Barra estava em 20 centímetros. As chuvas fortes que caíram à tarde elevaram o nível para 35 centímetros às 17h. Na medição de terça-feira (1º), o nível havia subido para 68 centímetros, o que levou à autorização para que a prefeitura procedesse à abertura do canal. O Inea ainda informou que está disponível para prestar qualquer socorro necessário.
A Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos divulgou hoje boletim informando os números dos estragos causados pela chuva. Além de Maricá, mais nove cidades sofreram com o temporal. Saquarema e Silva Jardim tiveram uma morte confirmada cada um, além de 887 e 345 famílias desabrigadas, respectivamente.
Cachoeiras de Macacu, na região metropolitana do Rio, também foi bastante atingida, ficando com 2 mil pessoas desalojadas e 200 pessoas desabrigadas. A secretaria também informou que já enviou 1.000 colchonetes, 550 kits de cama e mesa, 1000 cobertores e 300 kits de material de limpeza para os municípios de Araruama, Saquarema, Maricá, Silva Jardim e Cachoeiras de Macacu. A iniciativa tem a parceria da Defesa Civil, responsável pelo transporte e a entrega dos donativos.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a previsão do tempo para hoje em Maricá é de mais pancadas de chuva durante a tarde e a noite, sujeito a rajadas de vento, com temperatura máxima em 35°C e mínima em 22°C.
Agência Brasil