O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi acusado, pela primeira vez, de ter tratado pessoalmente um suposto repasse de propina proveniente da Petrobras. De acordo com o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, durante delação premiada, em 2012 Renan “reclamou da falta de repasse de propina” por parte do delator.
Em depoimento prestado em 7 de dezembro, Cerveró relatou duas reuniões com a participação do peemedebista nas quais o tema da propina foi discutido. No primeiro encontro, ocorrido no hotel Copacabana Palace, no Rio, o então presidente da BR José Lima de Andrade teria afirmado que a compra de álcool, o aluguel de caminhões para transportar combustível e a construção de bases de distribuição de combustíveis “seriam os negócios que poderiam render propina mais substancial na BR Distribuidora”.
O segundo encontro com Renan, conforme o ex-diretor da Petrobras, ocorreu no ano de 2012, quando o senador o teria chamado, em seu gabinete, para reclamar da falta de repasses de propina. De acordo com o diálogo citado por Cerveró, o então diretor teria dito a Renan que não estava arrecadando propina na BR Distribuidora.
Ao saber disso, “Renan Calheiros disse que a partir de então deixava de prestar apoio político” a Cerveró – que, contudo, na época permaneceu no cargo de diretor financeiro e de serviços da BR. Renan já é investigado em seis inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a suspeita de recebimento de propina de negócios relacionados à Petrobras.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) informou, por sua assessoria de imprensa, que “nega as imputações e esclarece que já prestou as informações requeridas”. O peemedebista nega ainda ter participado das reuniões citadas por Cerveró.
Em depoimento prestado anteriormente à Polícia Federal, Renan negou ter apadrinhado a indicação de Cerveró à diretoria Internacional da Petrobras e afirmou não ter proximidade com ele. Renan declarou à PF que esteve “duas ou três vezes” com Cerveró para tratar de assuntos “institucionais”.
Redação com Folha de S.Paulo