Em ano de inflação alta, os consumidores já sentem o orçamento mais apertado. Na hora de fazer as compras para a ceia de Natal, o impacto será ainda maior. O preço dos ingredientes para a mesa de Natal está 16,12% mais alto em novembro deste ano, frente a dezembro do ano passado, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). A alta é maior que a do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 10,39%, e que a inflação de alimentos, de 10,88%.
— A alta dos alimentos para a ceia é bem maior que a inflação geral e dos alimentos porque mostra o efeito do câmbio. Alimentos como bacalhau, azeite e vinho, muito usados nessa época do ano, sofrem com a valorização do dólar — afirma André Braz, economista do Ibre/FGV responsável pelo levantamento.
Diante do custo mais alto, a pesquisa de preços e a opção por marcas nem tão conhecidas pode ser um caminho para economizar. Braz explica que os produtos de marcas mais famosas costumam ser entre 30% a 50% mais caros que a média do mercado.
— Se for uma ceia bem pomposa de Natal, os preços ficam mais caros. Mas é possível para o consumidor buscar marcas alternativas, nem tão conhecidas, que podem ter qualidade semelhante, mas têm preço mais baixo — aponta ele.
DEMANDA AFETA PRESENTES
Se o preço da ceia ficou mais caro, a tendência entre os presentes foi diferente. A alta de preços de presentes foi de 3,63%, considerando itens de eletrodomésticos e equipamentos, vestuário, acessórios de vestuário, livros, artigos esportivos e jogos. O movimento é explicado pela queda da demanda: com alta da inflação e queda na renda, falta espaço no orçamento para gastos menos essenciais.
— Com alta de juros, encarecimento de crédito, limita-se a passagem de preço. Ou se reduz o preço, ou não aumenta para atrair o consumidor — diz.
A exceção entre os presentes são itens que também são afetados pelo dólar, como foi o caso de computador, com aumento de 9,51%, e instrumento musical, de 11,04%.
O Globo