A Igreja Católica vai oferecer no próximo domingo em todo o mundo a chance para que mulheres que fizeram aborto sejam “perdoadas” se cumprirem certos procedimentos. A absolvição, que também poderá ser estendida a mulheres mortas, faz parte do Jubileu da Misericórdia, o Ano Santo da igreja que começa na terça-feira e vai até 20 de novembro de 2016.
“A absolvição do pecado do aborto é uma prerrogativa dos bispos que, em situações particulares, podem delegar esta função aos padres. Todavia, durante o Ano Santo, para facilitar ainda mais o perdão, o papa Francisco concedeu esta faculdade a todos os sacerdotes”, disse à BBC Brasil o padre Geraldo dos Reis Maia, reitor do Colégio Católico Pio Brasileiro, em Roma, administrado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Peregrinação e arrependimento
O Jubileu da Misericórdia começará com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, mas no dia 13 de dezembro diversas catedrais e igrejas no mundo todo também abrirão as portas para oferecer o perdão. Para recebê-lo, os fiéis devem realizar uma peregrinação até as igrejas, além de se confessarem e comungarem.
“A misericórdia pode ser concedida não apenas para a mulher que optou pela interrupção da gravidez, mas para qualquer pessoa que tenha, de qualquer modo, contribuído para a ocorrência do aborto”, ressalta o padre Geraldo.
As pessoas que estiverem impossibilitadas de ir até uma das “portas santas”, como doentes, idosos e presos, também podem receber a absolvição dirigindo o pensamento e a oração a Deus. Os fiéis podem participar da santa Missa e da oração comunitária à distância também. A indulgência pode ser obtida também para pessoas falecidas, por intermédio de orações feitas por parentes ou amigos.
Quartos vazios
A Igreja Católica deu início à tradição do Ano Santo em 1300. Inicialmente, a manifestação religiosa acontecia a cada século. Sucessivamente, os jubileus passaram a ser organizados a cada 50 anos e, desde 1475, são realizados a cada 25, para permitir que fiéis de cada geração possam participar de pelo menos um Ano Santo. Atualmente, o evento também pode ser convocado pelo papa em situações de particular importância.
O último havia sido realizado em 2000, pelo papa João Paulo II.
Cerca de 100 mil peregrinos devem visitar o Vaticano durante a abertura do evento.
“As estimativas foram revistas para baixo após os hotéis da capital italiana terem recebido diversos cancelamentos por parte de turistas estrangeiros depois dos ataques em Paris”, disse à BBC Brasil o presidente da Associação dos Hoteleiros de Roma, Giuseppe Roscioli.
Até o dia 4, apenas 54% dos hotéis da capital italiana tinham recebido reservas para as noites próximas à data de abertura da Porta Santa, contra uma estimativa inicial de cerca de 80%.
“Em relação a dezembro do ano passado, quando não tivemos um evento religioso extraordinário como este, o número de reservas para os hotéis de Roma caiu 10%”, diz Roscioli.
BBC Brasil