Um homem e uma mulher na faixa dos 20 anos morreram em um tiroteio com a polícia na noite desta quarta-feira após matarem 14 pessoas em um centro comunitário em San Bernardino, na Califórnia – no pior massacre nos EUA desde 2012.
O cidadão americano Syed Rizwan Farook, 28 anos, e Tashfeen Malik, 27 anos, de nacionalidade ainda não identificada, morreram em um carro após troca de tiros com cerca de 20 policiais.
Farook trabalhava havia cinco anos como um empregado do condado de San Bernardino, informou o chefe de polícia local, Jarrod Burguan.
Os atiradores – que aparentemente formavam um casal, segundo a polícia – invadiram o centro comunitário na tarde desta quarta-feira, durante uma festa de Natal. Carregavam fuzis e pistolas e vestiam roupas de estilo militar. Atiraram nas vítimas e fugiram em uma SUV preta.
Ao menos outras 17 pessoas ficaram feridas. Inicialmente havia a suspeita da existência de um terceiro atirador, mas a polícia disse estar “razoavelmente segura” de que foram apenas dois.
“Não temos ainda a motivação do ataque”, disse o chefe de polícia. “Não descartamos terrorismo.”
O massacre motivou uma resposta dura do presidente Barack Obama, que fez um novo apelo ao Congresso pela aprovação de medidas de restrição ao acesso a armas de fogo.
“Uma coisa que nós sabemos é que temos um ‘padrão’ de atiradores em massa nesse país e não existe nada similar em nenhum lugar do mundo”, afirmou.
“Eu tive que fazer pronunciamentos sobre isso várias vezes neste ano”, lembrou Obama. “Existem medidas que podemos tomar, se não para eliminar todos esses incidentes, pelo menos para fazer com que eles se tornem menos frequentes.”
Segundo o jornal americano Washington Post, foram registradas ocorrências semelhantes – envolvendo mortes em massa por atiradores – em 46 Estados americanos somente neste ano.
Foi o pior massacre nos EUA desde 14 de dezembro de 2012, quando um jovem matou 26 pessoas, incluindo 20 crianças, em uma escola primária em Newtown, no Estado de Connecticut.
O que se sabe até agora
Farook era um especialista em meio ambiente no Departamento de Saúde Pública do condado. De acordo com o chefe de polícia, ele esteve na festa no Inland Regional Center – centro especializado em auxílio a adultos com deficiências e problemas mentais – e deixou o local após uma aparente briga, retornando depois para praticar os crimes.
“Ele deixou a festa mais cedo sob certas circunstâncias descritas como nervosas ou algo dessa natureza”, afirmou Burguan.
O chefe de polícia afirmou, contudo, ser improvável que o massacre tenha sido resultado de uma briga de momento.
“Baseado no que vi e em como eles estavam equipados, deve ter havido algum grau de planejamento que levou a isso”, disse. “Não acho que ele apenas foi em casa, pegou armas e voltou num rompante.”
No começo da noite, agentes do FBI (a polícia federal americana) fizeram uma busca na cidade vizinha de Redlands, onde os suspeitos haviam sido vistos antes do tiroteio – que ocorreu a poucos quilômetros do local do massacre.
O cunhado de Farook, Farhan Khan, disse não ter ideia sobre o que pode ter motivado o ataque. “Estou em chocado que algo assim possa ter acontecido”, afirmou, visivelmente abalado, em entrevista organizada pelo Conselho de Relações Americano-Islâmicas.
O jornal The Los Angeles Times citou declarações de colegas de trabalho de Farook afirmando que ele havia viajado para a Arábia Saudita e voltado com uma nova esposa – que ainda não se sabe se é a mulher que participou do massacre.
O casal teve um filho e parecia “estar vivendo o sonho americano”, disse ao jornal Patrick Baccari, que dividiu um pequeno quarto com Farook.
BBC Brasil