Autoridades francesas investigam como os ataques em Paris foram planejados e realizados. Sete suspeitos foram identificados pela polícia, e uma grande busca é feita por cúmplices e um suspeito principal, classificado como “perigoso”.
Os ataques da noite de sexta atingiram movimentados bares e restaurantes, uma casa de shows e os arredores do estádio Stade de France, deixando ao menos 129 mortos. O grupo autoproclamado “Estado Islâmico” assumiu a autoria dos atentados.
Veja a seguir o que se sabe sobre as investigações.
Quem foram os autores?
O promotor francês François Molins disse que sete atiradores morreram durante os ataques – cinco deles teriam sido identificados até agora. Investigadores acreditam que os ataques foram planejados na Bélgica, com apoio na França.
Os autores parecem ter trabalhado em “três equipes coordenadas” usando o mesmo tipo de armas e cintos suicidas, disse Molins.
- Três dos autores se explodiram nos arredores do estádio Stade de France, no norte de Paris.
- Outro morreu após detonar seus explosivos no restaurante Le Comptoir Voltaire, na Boulevard Voltaire.
- Três homens que vestiam roupas suicidas realizaram o pior ataque da noite, na casa de shows Bataclan, onde 89 pessoas morreram. Dois deles morreram após se explodirem, e o terceiro foi morto pela polícia.
Algum dos autores sobreviveu?
A polícia francesa busca por Salah Abdeslam, de 26 anos, que foi descrito como um suspeito principal. Um de seus irmãos, Brahim, morreu no Bataclan e outro, Mohammed, foi detido em Bruxelas no sábado, mas acabou liberado nesta segunda, sem que qualquer acusação contra ele fosse feita.
O suspeito, um cidadão francês que nasceu e viveu em Bruxelas, foi descrito como “perigoso” – e o público foi alertado a não se aproximar dele.
A polícia francesa abordou um carro no qual ele viajava perto da fronteira com a Bélgica horas após os ataques. Salah e outros dois ocupantes foram liberados após verificações – ainda não está claro se ele já havia sido identificado pelas autoridades da França naquele momento.
O belga Abdelhamid Abaaoud, de 27 anos, é apontado como mentor dos ataques. Acredita-se que o descendente de marroquinos esteja agora na Síria, onde teria engrossado as fileiras do “Estado Islâmico”.
O que se sabe sobre os autores mortos?
Autoridades francesas identificaram um dos responsáveis mortos como Omar Mostefai, de 29 anos, francês nascido em Courcouronnes, 25 km ao sul de Paris.
Nos últimos anos, ele viveu na cidade de Chartres, a sudoeste do Paris, e frequentava uma mesquita em Luce. Ele foi identificado após seu dedo ser encontrado no Bataclan e suas impressões digitais corresponderem àquelas do arquivo da polícia, segundo a imprensa.
Outro atirador do Bataclan foi nomeado como Samy Amimour, de 28 anos, francês de Paris procurado pelas autoridades.
Bilal Hadfi seria outro atirador. O francês, de 20 anos, vivia na Bélgica e teria sido responsável pelo ataque suicida nos arredores do estádio Stade de France. Acredita-se que ele tenha lutado na Síria.
Outro homem-bomba no Stade de France foi encontrado com um passaporte sírio com o nome de Ahmad Al-Mohamed, disseram promotores franceses. Não está claro se o passaporte é autêntico.
Sabe-se que ele entrou na Europa como imigrante através da ilha grega de Leros, em outubro, e suas impressões digitais correspondem àquelas tomadas por órgãos gregos, disseram autoridades.
Investigadores identificaram Brahim Abdeslam, de 31 anos, irmão de Salah Abdeslam, como um dos homens-bomba no café Comptoir Voltaire.
O que mais a polícia está investigando?
Dois carros usados nos ataques – um VW Polo preto e um Seat preto – foram alugados na Bélgica. O Seat foi encontrado abandonado num subúrbio a leste de Paris, com metralhadoras Kalashnikov dentro, segundo a imprensa.
Testemunhas dos ataques a armas nos bares e restaurantes do 10º distrito de Paris disseram que os homens armados estavam num Seat preto. O Polo foi encontrado fora do Bataclan.
Forças de segurança francesas realizaram mais de 150 operações contra alvos militantes em diferentes áreas da França, incluindo Bobigny, Toulouse e Grenoble, no início desta segunda-feira.
A polícia belga também realizou operações em Bruxelas.
O quão forte é a conexão belga?
A Bélgica é, agora, peça-chave na investigação. Bilal Hadfi, Brahim Abdeslam e Salah Abdeslam viviam na Bélgica – e dois dos carros usados no ataque foram alugados lá. Lá também vivia Abdelhamid Abaaoud, apontado como mentor dos atentados.
Sete pessoas já foram presas no país durante as investigações dos ataques da sexta-feira. Há uma grande operação no distrito de Molenbeek, em Bruxelas, que tem a reputação de ser um reduto de jihadistas.
E a Alemanha?
No dia 5 de novembro, a polícia da Bavaria parou um carro com uma placa de Montenegro que levava diversas armas, munição e explosivos.
O sistema de navegação por satélite do veículo estava configurado com um endereço em Paris. O motorista de 51 anos, de Montenegro, disse a autoridades que desejava visitar a Torre Eiffel e, então, retornar para casa. Ele disse não saber nada sobre as armas, segundo autoridades belgas.
O motorista está sob custódia. Investigações tentam descobrir se há alguma relação entre ele e os ataques em Paris.
BBC Brasil