Singelas cápsulas azuis e brancas fabricadas no laboratório do Grupo de Química Analítica e Tecnologia de Polímeros da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP), pelo químico paulista Gilberto Orivaldo Chierice, 72, causaram polêmica na medicina brasileira por serem chamadas de “a cura do câncer”.
A famosa fosfoetanolamina ainda não passou por testes em seres humanos e muito menos tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Sendo assim, não pode ser distribuída ou vendida como medicação. Porém, relatos de pacientes que tiveram melhoras com o suposto “tratamento contra o câncer” não faltam, mas nada comprovado por pesquisas médicas e laboratoriais.
Um grupo no Facebook chamado “Fosfoetanolamina – Alagoas” reúne informações sobre o medicamento, além de pessoas interessadas em adquirir as cápsulas tanto para consumo próprio quanto para ajudar algum parente que sofre com a doença.
Conforme o criador do grupo, Tarciso Siqueira, pacientes de Alagoas já procuraram informações com advogados para entrar com liminar para conseguir as cápsulas diretamente da universidade paulista. “Um senhor que sofre de câncer de pulmão e um professor com câncer na garganta estão atrás dos medicamentos”, informou Siqueira.
Embora entenda a preocupação de familiares e pacientes, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), Fernando Pedrosa, desaconselha o uso da substância. “Estou ao lado do Conselho Federal de Medicina (CFM) que também se manifestou sobre o assunto. Não existe comprovação da eficácia da fosfoetanolamina e nem se sabe os efeitos colaterais em longo prazo”, opinou.
Mas, o uso da fosfoetanolamina divide até os médicos. O cancerologista Renato Meneguelo, que participou do desenvolvimento da fosfoetanolamina sintética, disse que a cápsula contra o câncer não é para ganhar dinheiro. Autor de um estudo que mostraria a eficácia da substância contra alguns tipos de tumores, o médico defende seu uso e diz não entender por que até agora hospitais e laboratórios não se interessaram em avançar nas pesquisas.
Redação com agências