Vivendo uma crise sem precedentes em sua história institucional, a Fifa conhecerá seu novo presidente em eleição que foi confirmada para o dia 26 de fevereiro de 2016, em Zurique, na Suíça. A era Blatter, que já dura 17 anos e em 2015 conheceu sua maior instabilidade, com a deflagração de um esquema de corrupção envolvendo dirigentes e empresários ligados ao futebol, e membros da entidade, já tem data para acabar e novos candidatos para lhe suceder. Ao todo, são sete: dois da Europa; dois da África, dois da Ásia e um da América. Além de uma dúvida acerca de Michel Platini.
Fora o secretário-geral da Uefa, Gianni Infantino, e o ex-diretor de relações internacionais da Fifa, Jerôme Champagne; o liberiano Musa Bility e o empresário sul-africano Tokyo Sexwale; o príncipe da Jordânia Ali Bin Al Hussein e o xeque do Bahrein Salman Bin Ebrahim Al Khalifa; e o ex-jogador de Trinidad e Tobago David Nakhid, que se confirmaram no pleito até a noite da última segunda, data limite para a inscrição, o único indicado cuja candidatura segue pendente é Michel Platini.
O mandatário da Uefa, e até então forte concorrente na disputa para suceder Joseph Blatter, foi suspenso pelo Comitê de Ética junto com o presidente demissionário da Fifa no início de outubro. Pouco mais de quatro meses após as prisões de sete dirigentes do futebol mundial em Zurique, entre eles José Maria Marin, a Justiça suíça citou Michel Platini e Joseph Blatter em uma investigação por conta da transferência de cerca de R$ 7,7 milhões ao francês por ‘serviços’ prestados à Fifa entre 1998 e 2002.
Impedidos de exercer qualquer atividade ligada ao futebol durante 90 dias, ambos só voltarão à ativa em janeiro. O gancho impede Platini de se dedicar à campanha política em torno da candidatura e compromete seu respaldo, ainda mais depois que a Uefa lançou novo candidato no pleito, o secretário-geral Gianni Infantino, braço direito de do francês nos últimos seis anos. Ainda incerta, a presença de Platini nas eleições de fevereiro deve ser avalizada pelo Comitê Executivo, pelo Comitê de Reforma e pelo Comitê de Ética da Fifa a partir do final da punição.
Se a candidatura do ex-jogador francês, vencedor de três Bolas de Ouro, segue pendente de avaliação; a de Zico, brasileiro que enfrentou Platini na Copa do Mundo de 1982 e demonstrou intenção de concorrer, não chegou a ser formalizada por falta de apoio. Após recorrer à CBF atrás de uma assinatura, das cinco necessárias para protocolar a candidatura na Fifa, e conseguir apenas um aval provisório, Zico tentou angariar indicações nos países em que trabalhou como treinador, como Grécia, Índia e Turquia, mas não teve sucesso e desistiu oficialmente na última segunda.
Outro ex-jogador que esboçou alguma vontade de disputar a eleição, mas não se movimentou nos bastidores em busca de dar sequência ao projeto, foi o argentino Diego Maradona. A imprensa argentina até especulou uma possível depressão do ex-aleta por conta da morte do pai, que aconteceu recentemente, e de fato Maradona não se mostrou muito preocupado com a Fifa. Um dia antes do fim do prazo para as inscrições, o argentino assistiu à derrota da seleção nacional na Copa do Mundo de Rugby.
O sul-coreano Chung Mong-joon, multimilionário sul-coreano e dono de uma das maiores montadoras de carros do continente, que já tinha formalizado a intenção de concorrer à presidência em oposição total ao regime de Blatter, citando inclusive alianças com Platini acerca da “manutenção dos ideais vigentes”, retirou sua candidatura frente ao banimento de seis anos recebido da Fifa, sob acusação de compra de votos nas licitações para os Mundiais de 2018 e 2022.
Além da disputa principal pela presidência da Fifa, a corrida eleitoral dos próximos quatro meses marcará duelos que questionarão a legitimidade dos representantes em seus próprios continentes. Na Ásia, Salman Bin Ebrahim Al Khalifa tentará usar de sua influência, por comandar a Confederação Asiática de Futebol, para se eleger; enquanto Ali Bin Al Hussein já vem da experiência de ter disputado o último pleito contra Blatter em maio. Na África, Sexwale goza de maior prestígio em comparação ao liberiano Bility.
Por ESPN