A Rua da Ajuda até ameaçou, mas pouco colaborou com o Flamengo nesta quinta-feira (22). No julgamento dos recursos de Wallace, Rodrigo Caetano e Emerson Sheik, realizado no início da tarde, no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), centro do Rio de Janeiro, dois levaram as punições de menor gravidade e um não teve muito o que comemorar. O zagueiro “viu” sua advertência mantida e o dirigente recebeu 15 dias (pena mínima) de gancho. Já o atacante da camisa 11 ficará três jogos longe dos gramados e, portanto, perderá o confronto com o Corinthians no domingo. Os jogadores participaram do treino do clube no Ninho do Urubu e não compareceram.
O clima descontraído que marcava o dia no auditório na primeira metade das atividades teve prazo de validade. Durou até os processos de Wallace e Rodrigo Caetano, quinto e sexto, respectivamente. No terceiro e último envolvendo o trio rubro-negro (sétimo de 21 no geral), o Procurador do STJD, Paulo Schmidt, e o advogado do Flamengo, Michel Assef Filho, travaram um forte duelo de debates.
– Um jogador de futebol que diz “esse árbitro é uma m…”, que é reincidente, que faz o que faz… – ensaiou Schmidt, antes de completar:
– Com todo respeito, esse atleta é muito bom, mas ele é um péssimo exemplo. Ele quase que pega a câmera pra ele para dar o recado ao mundo. Como se fosse o portador das boas morais – disse.
Ainda buscando maior rigor dos auditores, o Procurador ironizou o pedido de desculpas do atleta após o ocorrido:
– Depois que falou com bilhões de pessoas no mundo, vem como Madalena arrependida e pede desculpas.
Do outro lado, Assef, se esforçando para não deixar a elegância, não jogou fora a sua vez de argumentar.
– Merda virou sinônimo de muito ruim. Realmente (a arbitragem) estava uma merda, com todo o respeito – declarou ele que, mais tarde, criticou a atitude de Schmidt contra decisão do julgamento anterior.
– O próprio Procurador Geral (Paulo Schmidt) reagiu. Depois da pena aplicada, disse que os auditores deveriam pedir um autógrafo (ao Sheik) – lembrou.
Enquadrado no artigo 243-F do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), parágrafo 1º (ofensa direcionada a árbitro), Sheik poderia pegar de quatro a seis jogos. No intervalo do segundo jogo das oitavas de finais da Copa do Brasil, contra o Vasco, no Maracanã, em 27 de agosto, ele disse que o árbitro Wilton Pereira Sampaio (GO) seria uma “m…”. O atacante foi a julgamento no dia 8 de setembro, e, na ocasião, recebeu um jogo de suspensão, já cumprido. No entanto, o STJD desqualificou o ato para o artigo 258, inciso II (desrespeito à arbitragem), e aplicou três jogos para o atleta.
Primeiro a ser julgado, Wallace corria o risco de ser punido de uma a seis partidas, por ter infringido o artigo 254 (jogada violenta). O zagueiro cometeu falta que resultou em segundo cartão amarelo e a consequente expulsão, também no confronto com o Cruz-Maltino, só que no jogo de ida (20 de agosto). O jogador foi somente advertido e cumpriu a suspensão automática, mas, assim como nos outros dois casos, a Procuradoria quis uma pena maior, e por isso recorreu, sem sucesso.
Por sua vez, Rodrigo Caetano, que havia sido julgado no mesmo dia do defensor rubro-negro (2 de setembro), em primeira instância no STJD, recebeu apenas uma advertência. O diretor executivo criticou duramente o árbitro Igor Junio Benevenuto (MG), o que teria se configurado como ofensa, durante o encontro entre o time carioca e o Palmeiras, disputado em 16 de agosto no Allianz Parque, em São Paulo, pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro. Assim, o dirigente seria penalizado de 15 a 80 dias, por infração ao artigo 258, tendo prevalecido a punição menor.
O Flamengo visita o líder Corinthians no próximo domingo, às 17h, na Arena do clube paulista, em duelo da 32ª rodada do Brasileirão. Em 10° lugar com 44 pontos (a cinco do G4), o Rubro-Negro acumula uma vitória e cinco derrotas nas últimas seis rodadas do certame nacional.
Por Lance!