Após ceder mais espaço para o PMDB no governo, o Planalto tenta agora apaziguar a insatisfação dos demais partidos da base aliada e as disputas por cargos de segundo e terceiro escalões, marcadas por rivalidades regionais. Entre os postos mais cobiçados estão as chefias nacional e regionais de fundações, autarquias e estatais, como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), hoje sob o comando de um indicado do vice Michel Temer (PMDB).
Com orçamentos milionários, cargos e capilaridade nos Estados, órgãos como Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) e Correios também estão na mira. Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Governo) têm pressa em conter a rebeldia dos aliados, que podem prejudicar o governo em votações no Congresso e num eventual processo de impeachment.
O principal entrave tem sido o desejo dos partidos de comandar ministérios com “porteira fechada”, quando o ministro indica todos os cargos ligados à pasta.
O PDT, hoje no Ministério das Comunicações, quer emplacar cargos ligados à pasta, como a presidência dos Correios, hoje com o PT. A estatal tem 120 mil funcionários e diretorias regionais nos 27 Estados.
Com a pasta da Integração, o PP, que tem a superintendência da Codevasf, pleiteia também o Dnocs, hoje com um indicado do ministro do Turismo, Henrique Alves (PMDB), e a Sudene, sob o comando do ex-prefeito do Recife João Paulo (PT).
O PSD, com o Ministério das Cidades, quer a CBTU, hoje com o PP de Alagoas. “É um órgão diretamente ligado ao ministério, não tem sentido não ficarmos com ele”, diz o vice-líder do PSD na Câmara, Paulo Magalhães (BA).
Já o PRB reclama que a maioria dos cargos do Ministério do Esporte ficou com o PCdoB.
VITRINE
Cargos federais nos Estados funcionam como vitrines para possíveis candidatos em 2016, como o comando da Zona Franca de Manaus, que está nas mãos de um interino há dez meses. Responsável por coordenar sete áreas de livre comércio em cinco Estados, o órgão é um dos mais cobiçados da região Norte e alvo de intensa disputa entre o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o ministro Eduardo Braga (PMDB).
Também há divergências no Maranhão. Os grupos do ex-senador José Sarney (PMDB) e do governador Flávio Dino (PCdoB) disputam os cerca de 50 cargos federais no Estado. A família Sarney, por enquanto, tem levado a melhor. Recentemente, indicou um aliado para direção executiva da Funasa. Já o partido do governador emplacou apenas um aliado na gerência executiva do INSS em São Luís.
Com Folha Press