Em um ano de aperto financeiro, com o aumento de impostos, cortes e medidas de economia, o povo brasileiro continua arcando com altos custos de viagens feitas em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Enquanto a maior parte da população disputa passagens comerciais mais baratas, aviões oficiais decolaram 62 vezes neste ano para levar autoridades e com apenas um passageiro previsto a bordo.
Na semana passada, um levantamento feito pelo jornalista Ricardo Boechat, ancora da rádio BandNews, mostrou que a FAB já realizou mais de 2.200 viagens para políticos e ministérios. O Ministério das Cidades, de Gilberto Kassab (PSD), com 187 voos, foi o órgão campeão em utilização do serviço, seguido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar usou a FAB 110 vezes.
Já o campeão de “voos solo” é o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias. Ele já mobilizou a estrutura da Força Aérea 15 vezes para voar sozinho. Em 12 dessas ocasiões, os deslocamentos foram de ida ou volta entre Belo Horizonte, onde o ministro reside, e Brasília, sempre aos fins de semana. A prática só terminou em abril, quando um decreto vetou o uso de aviões oficiais quando o destino for o local de residência da autoridade.
As decolagens com apenas um passageiro também foram bastante usadas pela secretaria de Relações Institucionais, quando era ocupada pelo petista Pepe Vargas. Seus voos tiveram previsão de apenas um passageiro em sete ocasiões. Comunicação Social, com seis voos, e Casa Civil, com cinco, também se destacam.
Voar sozinho em um avião da FAB custa muito mais caro do que pagar uma passagem aérea na aviação comercial. Em 2013, quando resolveu devolver o dinheiro gasto para um deslocamento de Brasília a Recife feito em aeronave oficial, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acabou revelando que o custo foi de R$ 27,3 mil. Na ocasião, Renan foi fazer um implante capilar. Antes, o senador alagoano devolveu R$ 32 mil por um voo que incluiu Maceió, Porto Seguro e Brasília para participar de uma festa de casamento em Trancoso, na Bahia.
Em abril, a presidente Dilma Rousseff mudou a regra para o uso de aeronaves. As viagens ficaram limitadas a situações de emergência e missões oficiais. A norma anterior, de 2002, previa que os aviões da FAB poderiam ser usados em viagens a serviço, deslocamentos para local de residência permanente e por motivo de segurança ou emergência médica.
As viagens de autoridades podem ser divididas em duas categorias: “a serviço” e “para a residência”. Se consideradas apenas as viagens para casa, Eduardo Cunha, que usou 71 voos para o Rio de Janeiro, é o recordista neste ano. Ele é seguido pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que voltou 22 vezes para Alagoas usando aeronaves da FAB. A proibição de viagens para Casa, definida em abril, não vale para presidentes de Poderes, como Cunha e Renan. ( Com informações de O Tempo)
Da Redação