Denunciado pelo Ministério Público sob suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o deputado Arthur Lira (PP-AL) usou verba da Câmara para custear viagens a São Paulo em dias em que fez visitas ao escritório do doleiro Alberto Youssef.
Notas fiscais de sua cota para exercício da atividade parlamentar mostram que, em três ocasiões, viagens de Lira a São Paulo coincidem com registros de entrada na portaria de um escritório de Youssef.
A Polícia Federal diz que as visitas ao doleiro, “ao que tudo indica”, eram para pedir o pagamento de dívidas de campanha e apanhar dinheiro em espécie oriundo do esquema de corrupção na Petrobras.
Lira preside a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara, e é aliado de confiança do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também denunciado na Lava Jato. Em ambos os casos, o STF (Supremo Tribunal Federal) ainda não decidiu se vai abrir ação penal, o que os tornaria réus.
Em tese, a verba parlamentar destinada a passagens aéreas é reservada para atividades relacionadas ao mandato ou para retorno ao Estado de origem do parlamentar.
As viagens de Brasília a São Paulo para visitar Youssef foram nos dias 3 de fevereiro de 2011, 24 de fevereiro de 2011 e 7 de julho de 2011.
Em todas, Lira deixou São Paulo no mesmo dia. Em uma delas, o retorno foi para Brasília. Em outras duas, para Maceió, seu Estado de origem.
O custo total desses deslocamentos foi de cerca de R$ 3.500, segundo os dados das notas fiscais.
Há um quarto registro da entrada de Lira em escritório de Youssef, em junho de 2010, mas esse caso não coincide com voos de sua cota.
OUTRO LADO
A defesa de Arthur Lira afirmou que as viagens foram realizadas para tratamento de saúde ou atividades do mandato. Segundo o advogado Pierpaolo Bottini, o deputado não nega ter ido ao escritório de Youssef. Lira, disse, afirma que na época não conhecia as atividades do doleiro e acreditava que era um representante da tesouraria do PP.
Fonte: Folha.com