Após registrar um Boletim de Ocorrência (BO), a fisioterapeuta Eline Meire da Silva, procurou também à imprensa para denunciar um médico da cidade de Junqueiro, localizada na região do Agreste, de assédio moral e sexual. Em entrevista ao CadaMinuto, ela contou que as ameaças começaram após o fim do relacionamento que manteve com o acusado, seu superior no trabalho.

Eline relatou que, após ser ameaçada diversas vezes pelo médico, que é clínico geral, ela procurou as autoridades do município, mas acabou sendo demitida do centro de reabilitação onde trabalhava há cerca de três anos, quatro dias depois do registro do BO.

“Fui demitida por telefone, tive que sair da cidade e estou sendo zombada por todos. Estou saindo como a ruim da história. Mas, todos sabem a verdade”, contou.

Segundo ela, o relacionamento com o médico começou em abril de 2017 e durou cerca de oito meses, mas ele não aceitou o término e passou a hostilizá-la no local de trabalho: “Cheguei a ser humilhada por ele na frente dos meus pacientes, fui acusada de tratar mal os pacientes e de não ser uma boa profissional.”

A vítima disse ainda que, mesmo depois do término da relação, o clínico enviou por diversas vezes, para o seu número pessoal, vídeos eróticos e fotos íntimas, além de afirmar que poderia garantir a permanência dela no emprego comissionado, entre outras “vantagens”. Os vídeos e as imagens encaminhadas pelo aplicativo WhatsApp também foram entregues à polícia.

“Quando ele pensou que eu iria fazer a denúncia, eu saí com ele de carro e ele estacionou em uma ribanceira e ameaçou capotar o veículo caso eu contasse a alguém o que ele fazia comigo. Eu tive que me ajoelhar e implorar para que ele não fizesse isso e jurei não contar nada. Foi quando ele me deixou em uma esquina próximo de onde estávamos e eu consegui uma carona para voltar para casa. Eu temo pela minha vida e não tinha dito nada a ninguém!” desabafou.

Invasão de domicílio

Eline relatou ainda que mora em Maceió com o filho, que é especial, e teve a residência invadida por uma ex-secretária de Saúde de Junqueiro ligada ao médico e, desde o ocorrido não consegue voltar para casa, além de ter que deixar o filho com parentes. Ela também registrou um Boletim de Ocorrência contra a ex-gestora.

“Quando as coisas caíram na boca do povo eu resolvi me afastar de tudo. A ex-secretária começou a me perseguir e ameaçou – que caso eu continuasse com a intenção de denunciar o médico, eu seria demitida. E ela fez o procedimento. Além disso, um coordenador ia dentro das casas em que eu atendia os pacientes e me constrangia, dizendo que eu não sabia trabalhar”, contou.

“Onde eu moro não tem porteiro, e em uma das minhas folgas me deparei com a ex-secretária junto com um homem na minha casa. Eu nunca pensei que seria desmoralizada em um lugar que é meu, que foi conquistado com os meus esforços, mas, nem lá me sinto segura”, disse.

Registro

Eline Meire, contou que também procurou a delegacia do município, mas teve negado seu direito de registrar a queixa contra o médico. Ela foi até a Promotoria da cidade, onde fez o registro por meio do Ministério Público e, em seguida, acionou uma advogada e registrou o BO na Delegacia da Mulher, em Maceió.

“Eu estou no fundo do poço e comecei a fazer tratamento com uma psicóloga e com um psiquiatra. Não sei mais o que fazer! Não consigo comer, já perdi quase cinco quilos… Além disso, eu não posso nem voltar para minha casa, estou dormindo na casa de amigos, por temer por minha segurança,” desabafou.

A advogada de Eline, Julia Nunes, disse ter acionado o Conselho de Segurança do Estado e o Conselho de Direitos Humanos da OAB/AL.

A redação do Cada Minuto entrou em contato com o médico e os advogados informaram que ele não irá se pronunciar acerca das denúncias.

Cada Minuto