Quando o nome do pastor Silas Malafaia surgiu nas investigações da Operação Timóteo, a notícia teve grande repercussão na mídia. Mais de um ano depois, ele foi inocentado das acusações pela pessoa que lhe deu a oferta, mas o espaço dado não passou de uma “nota” em coluna sobre política do jornal O Globo.
Agora, o mesmo veículo divulga um “documento sigiloso”, dando conta que a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o aprofundamento das investigações contra o pastor, sob o argumento de que existem provas de que Malafaia recebeu “vultosos recursos oriundos de um dos principais investigados” e que há indícios do crime de lavagem.
Embora o periódico não explique como teve acesso a um documento que corre na justiça e não teria o acesso aberto ao público, o relato é que o pedido de investigação foi assinado pelo vice-procurador-geral da República, Luciano Maia, e apresentada ao STJ no último dia 10 de janeiro.
A abertura de uma nova investigação seria uma resposta ao pedido de arquivamento das acusações, feito pela defesa de Malafaia. A alegação é que ele não sabia que os recursos poderiam ter origem ilícita e que declarou a oferta em seu imposto de renda, não tendo nada a esconder.
Rebatendo as acusações de ter envolvimento com “lavagem de dinheiro”, o pastor entrou com um pedido no STJ em 29 de novembro para tentar arquivar o inquérito. O advogado de defesa alegou que as investigações causaram a Malafaia dano “evidente, grave e injustificável”, tendo seu cliente queixa-se do seu “constrangimento de ter que explicar o ocorrido” e ao fato de ser ver “exposto de forma negativa à opinião pública”.
“O requerente recebeu uma doação de um fiel por meio de um cheque. Depositou o cheque em sua conta corrente, gastou o valor recebido com suas despesas regulares, declarou os valores ao Fisco e pagou o competente tributo sobre o valor recebido. Nada existe nessa sequência de atos que indique a conduta de lavagem de dinheiro”, afirma a petição, assinada pelo advogado Jorge Vacite Neto.
Na tentativa de “acelerar” as investigações, a PGR pediu recentemente ao ministro do STJ Raul Araújo, relator do caso, que desmembrasse o inquérito, remetendo para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região a parte referente a Silas Malafaia.
O advogado Jader Pazinato, que doou o dinheiro a Malafaia, é suspeito de desviar royalties da mineração e pagar propina a agentes públicos. Ele fazia parte de um grupo investigado por fraudes junto a prefeituras e junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).