A desigualdade racial está entranhada no mercado de trabalho. No terceiro trimestre deste ano, 8,2 milhões de trabalhadores pretos e pardos estavam à procura de emprego. O número corresponde a 63,7% dos cerca de 13 milhões de desempregados existentes no país. O problema, no entanto, vai além. O rendimento médio real entre eles atingiu R$ 1.497, valor que corresponde a apenas 56,2% do obtido pelos brancos, R$ 2.665. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Há também forte discrepância entre os dois grupos quando se observa a variação dos ganhos. O rendimento real dos indivíduos pardos no terceiro trimestre, de R$ 1.492 mensais, caiu 0,3% em relação ao período imediatamente anterior. Já o dos brancos subiu 0,5% na mesma base de comparação. O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, atribui essa diferenciação às ocupações exercidas entre os trabalhadores de cada grupo racial.
“A população de cor preta ou parda, em média, está inserida em agrupamentos de atividades que exigem menos formação e pagam menos”, observou Azeredo. Ele destacou, ainda, que esses trabalhadores são maioria entre os que exercem atividades por conta própria, sem subordinação ou vínculo estabelecido por contrato de trabalho. Em geral, são trabalhadores informais, que ganham menos do que os formalizados. “Um quarto da população de cor preta ou parda trabalha na rua, como ambulante. E há também diferença entre os empregadores. Apenas 33% deles têm a cor preta ou parda. É uma diferença grande”, disse.
A disparidade de salários, no entanto, não se limita a fatores como o tipo de atividade exercida. Azeredo avalia que há todo um processo que perpassa a história brasileira, o modo como o país foi colonizado e o curso desse desenvolvimento. “É sempre importante destacar essas características da população, da força de trabalho por cor, raça e sexo, para mostrar que a diferença existe, e, de alguma forma, deve ser combatida”, disse.
Correio Braziliense