Apontada por muitos como um sentimento intelectual exclusivo dos religiosos e crentes, a fé é, na verdade algo inerente ao ser humano e independe de qualquer religião. A afirmação é do arqueólogo Rodrigo Silva, que explicou como as crenças perpassam todos os grupos sociais, de cristãos a ateus passando pelos materialistas convictos.
“O mais acirrado ateu ou cético materialista é crente. Só que com o passar do tempo a palavra sofreu alguma semântica e entendemos como crente apenas aquele que tem uma religião, que vai para uma igreja ou crê em Deus. Mas eu repito: crença é um sentimento humano. A necessidade de crer é tão humana que deveria constar na pirâmide de Maslow”, diz, a respeito de inserir a fé entre as necessidades básicas do ser humano na conhecida classificação das necessidades elaborada pelo psicólogo norte-americano Abraham Maslow.
“Quando eu digo: leve um guarda-chuva pois a previsão meteorológica diz que vai chover, estou manifestando uma crença”, explica, e continua: “Se eu leio um artigo de pesquisa científica de um colega, e utilizo as conclusões que ele chegou para citar em sala de aula, nada me impede de fazer, mas eu mesmo não fiz aquela pesquisa. É uma fé. E se ele mentiu naquela pesquisa, compreende?”, esclarece. “Todos precisamos crer em alguma coisa”, conclui.
Segundo o acadêmico, o único elemento necessário para a crença nos milagres bíblicos é a crença em Deus. Segundo ele, muitos dos que duvidam dos fatos bíblicos crêem em um Deus Todo Poderoso, mas apesar disso acham impossível a ocorrência de alguns fatos relatados nas Escrituras. “O que vai diferenciar é o objeto da fé e se essa fé é racional ou ilusória.”
Para ele, o fato de existirem passagens na Bíblia – como a abertura do Mar Vermelho e a queda das muralhas de Jericó – aparentemente surreais, não justifica que sejam tachadas de mentirosas. “O fato de não sabermos como se deu determinado episódio não significa que não existiu. Vemos hoje em dia fatos bem inusitados e estranhos mas que acontecem e estão documentados e ninguém nega sua existência.”
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