Estudantes da Escola Agrícola São Francisco de Assis participaram, nesta quarta-feira (17), das atividades de educação ambiental promovidas pela Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco em Junqueiro. Além de jovens do município, também estiveram presentes adolescentes de Teotônio Vilela e São Sebastião.
Dessa vez, a força-tarefa visou unir esforços com a juventude da região para atuar em defesa do meio ambiente, mais especificamente da Lagoa do Retiro, um imenso recurso hídrico que fica na terra do junco.
Com jogos educativos e palestras para a comunidade escolar, os agentes públicos da FPI do São Francisco abordaram temas relacionadas à preservação da natureza como o descarte de resíduos sólidos, uso de agrotóxicos e preservação da fauna e flora locais.
A estudante Darliane Camile Pontes, 13 anos, disse o que aprendeu com a gincana da fiscalização: “Vimos hoje paródias, poesias, tudo relacionado à importância da natureza. A gente não pode viver sem ela, mas a natureza pode sim viver sem a gente. Por isso, nós precisamos tanto preservar o meio ambiente”.
Coordenadora da FPI do São Francisco, a promotora de Justiça Lavínia Fragoso convidou os jovens a serem “guardiões da natureza”, combatendo o desperdício de água e a captura de pássaros silvestres.
“Vamos aplicar e repassar as informações que aprendemos hoje. Se virem um vazamento na escola, procurem logo a direção. Expliquem às pessoas próximas que mantêm os passarinhos em gaiolas o papel deles para a natureza. A nossa sobrevivência está condicionada às ações do agora”, acordou a representante do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) com os alunos.
Pela tarde, estudantes, professores e gestores públicos fizeram o plantio de 300 mudas de Ipê-amarelo, Ipê-rosa, Ingá e Jenipapo nas margens da Lagoa do Retiro. “São espécies próprias para matas ciliares, pois evitam erosão e o carreamento de matéria orgânica para o recurso hídrico”, explicou o coordenador da equipe de educação ambiental.
Recuperação da lagoa
Por meio da Promotoria de Justiça de Junqueiro e da 5ª Promotoria de Justiça da Capital (Recursos Hídricos), com apoio do Núcleo de Defesa do Meio Ambiente do 1º Centro de Apoio Operacional, o MPE/AL instaurou um procedimento administrativo para acompanhar as ações de recuperação ambiental da Lagoa do Retiro, que fica no bairro homônimo.
Segundo a promotora de Justiça Eloá de Carvalho, os moradores, a Prefeitura de Junqueiro, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e a Usina Seresta conseguiram avançar no projeto que visa preservar e fortalecer o recurso hídrico, de modo a evitar que ele se acabe.
“Conseguimos conscientizar as pessoas a recuarem as cercas de suas residências para garantir o intervalo de 30 metros do espelho d’água, como a lei determina em áreas de preservação do meio ambiente”, comemorou a titular da Promotoria de Justiça de Junqueiro, que participou das atividades da FPI do São Francisco na cidade.
O Município contribuiu disponibilizando a guarda municipal para evitar novas ocupações no local. Já o IMA promoveu ações de educação ambiental, enquanto a usina confeccionou as placas como frases de preservação do meio ambiente criadas pela própria comunidade. Recentemente, teve início a etapa de reflorestamento das margens.
“A nossa preocupação consiste em envolver a comunidade no sentido de que ela passe a ter uma atenção maior com a questão ambiental. Temos o exemplo da Lagoa do Retiro que sofreu com a degradação ambiental decorrente da ação humana. O poder público deve orientar a população, promover campanhas educativas para preservar o meio ambiente”, defendeu João Bosco de Jesus, secretário municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Danos ambientais
Até pouco tempo atrás, era comum populares ocuparem as margens da lagoa, que são áreas de preservação permanente (APP). Havia também desvio da água de nascentes, prática de piscicultura, despejo de resíduos sólidos e até lavagem de cavalos dentro do recurso hídrico.
Com os danos ambientais na lagoa, o junco, que dá nome à cidade e é matéria-prima de artesanato, deixou de ser abundante nas margens do aquífero e passou a ser encontrado apenas em algumas áreas específicas.