Há exatos 30 dias, Donald Trump prometeu tirar o governo dos Estados Unidos das mãos do establishment político e entregá-lo ao povo americano. Um mês depois de o magnata ser empossado presidente da maior potência econômica e bélica do mundo, a Casa Branca não se tornou exatamente uma instituição dirigida pela vontade popular. Enquanto o republicano colocava em prática algumas das propostas de campanha mais polêmicas, por decreto, a aprovação de seu governo experimenta os mais baixos índices para um mandatário que mal esquentou a cadeira. A turbulência é considerada sem precedentes em um momento no qual os presidentes recém-eleitos costumam experimentar uma espécie de lua de mel com a opinião pública.
Nesse sábado (18), o presidente faria comício na Flórida e depois terá reuniões em sua propriedade em Mar-a-Lago. “Muitas reuniões este fim de semana na Casa Branca do Sul”, afirmou nesse sábado (18) o republicano em sua conta no Twitter, acrescentando que faria um “grande” discurso em seu comício na cidade de Melbourne. “Muito a falar!” Trump tenta reconquistar apoio depois da série de crises que tem ameaçado seu recém- iniciado governo.
Em meio a protestos de rua e à pressão da bancada oposicionista, que atrasou ao máximo a aprovação de alguns dos indicados para o gabinete, Trump exercitou os músculos da presidência com uma série de ordens executivas (decretos). O novo chefe de Estado, porém, não contava com a suspensão judicial da medida que pretendia barrar a entrada de estrangeiros de sete países específicos, todos de maioria muçulmana. Com limites impostos à sua autoridade antes de completar quatro semanas no cargo, Trump ainda viu o primeiro membro da alta cúpula da Casa Branca – Michael Flynn, conselheiro de Segurança Nacional – cair por causa de envolvimento mal explicado com autoridades russas.
Para Anthony Gaughan, especialista em eleições e professor de direito da Drake University, em Iowa, o intenso início de governo mostrou “uma desorganização nunca vista antes”. O estudioso observa que as divisões precoces entre membros da equipe têm enfraquecido a gestão republicana. “Parece que Steve Bannon, conselheiro do presidente, e Reince Priebus, chefe de Gabinete, têm bases de poder rivais”, ressalta. “Mas o próprio presidente desempenhou papel-chave para dividir o governo e criar essa atmosfera de desorganização.”
As constantes mudanças de opinião e contradições do bilionário que se tornou presidente são vistas pelo analista como uma das causas da crise. Kellyanne Conway, outra conselheira de primeiro escalão, tenta agir como apagadora de incêndios. Faz aparições quase diárias na imprensa americana, mas ela mesma tem dificuldade para não causar polêmica. Dewey Clayton, professor de ciência política da Universidade de Louisville, no Kentucky, atribui o “alto nível de tumulto” à inexperiência da equipe e ao fato de o governo ter iniciado as atividades sem a maioria dos ministros aprovada pelo Senado. “Trump e a equipe estão descobrindo agora que governar é diferente de fazer campanha. Então, há um processo de aprendizado em curso”, pondera.
Clayton considera que a implementação das ordens executivas, especialmente o bloqueio à entrada de refugiados e visitantes oriundos de sete países de maioria muçulmana, foi “mal planejado”. “Isso criou caos ao redor do país e do mundo.
Estado de Minas