Uma reportagem do site da Época publicada no final de setembro apontou supostos indícios que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) teria participado de uma operação de lavagem de dinheiro. A revista citou no dia 25 daquele mês a provável existência de uma transação imobiliária entre o senador alagoano e o ex-senador da Paraíba Wilson Santiago, seu correlegionário e hoje diretor de relações institucionais do Grupo Banco do Brasil/Mapfre. Essa transição teria chamado atenção da Receita Federal.
Se por um lado Renan Calheiros optou não falar sobre o assunto por se tratar de negócios particulares, o deputado Wilson Filho divulgou uma nota oficial de esclarecimento em relação à citação de seu nome e de seu pai, o ex-senador Wilson Santiago.
De acordo coma nota, em 2011, Wilson Santiago e os três filhos compraram quatro apartamentos na Capital de Alagoas, cada um no valor de R$ 120 mil. Os imóveis, segundo o ex-senador, foram adquirimos a título de investimento.
Alertada pelos auditores, a Procuradoria-Geral da República remeteu as informações aos procuradores que investigam Renan na Lava Jato. Os procuradores investigam agora a compra e venda de quatro apartamentos do prédio por Renan – e como eles foram parar nas mãos de Santiago, seu filho, o deputado federal Wilson Filho, e seus dois irmãos.
Foi investigando uma empresa que Renan transferiu para sua mulher, Verônica, que a Receita chegou à transação suspeita. A Tarumã Empreendimentos Imobiliários, criada após a eleição de 2010 para “administrar a compra e venda de imóveis próprios ou de terceiros”, ficou aberta por apenas nove meses. Renan esteve entre os sócios por cinco, passando suas cotas para Verônica em julho de 2011.
A Tarumã, aparentemente, não realizou negócio algum. Aparentemente. No cruzamento que a Receita fez entre declarações do Imposto de Renda e dados sobre suas atividades imobiliárias, os negócios apareceram. Os procuradores querem saber de onde veio o dinheiro que permitiu a compra dos imóveis em Maceió e se Renan realmente os comprou antes de revendê-los para a família Santiago.
A suspeita de que Renan tenha lavado dinheiro na negociação dos apartamentos se reforça com a atrapalhada resposta dos Santiagos sobre a compra dos imóveis. O deputado federal Wilson Filho é proprietário de uma das unidades que pertenceram a Renan. Em 13 de julho de 2011, Wilson Filho fez uma transferência bancária de R$ 60 mil para uma conta da Caixa Econômica Federal. Em 11 de agosto, outros R$ 60 mil foram depositados. Nesse período, a Tarumã ainda estava aberta.
Procurado pela Época, Wilson Filho ofereceu quatro versões distintas sobre a transação. Primeiro, disse que a empreiteira da família, a Terradrina Construções, tinha comprado os imóveis. Depois, afirmou que tinha adquirido o imóvel para veraneio em Maceió – mas o prédio fica a 15 quilômetros do litoral. Em seguida, garantiu que a operação tinha sido um investimento. Por fim, o deputado disse que o negócio foi feito por seu pai e que só tinha tomado conhecimento depois que fora agraciado com o apartamento.
Wilson Santiago é um antigo aliado de Renan, que o indicou para o recém-criado cargo de diretor de relações institucionais do Banco do Brasil/Mapfre. Também coube a Renan garantir o lugar de Wilson Santiago na Mesa Diretora do Senado durante sua breve passagem pela Casa.
Nota de esclarecimento
O deputado federal, Wilson Filho (PTB), e ex-senador, Wilson Santiago, vêm a público esclarecer que não possuem os nomes relacionados em nenhum esquema de lavagem de dinheiro como noticiado por alguns veículos de comunicação.
Em 2011, Wilson Santiago e os três filhos compraram quatro apartamentos na Capital de Alagoas de uma empresa Tarumã, cada um no valor de R$ 120 mil. Os imóveis, segundo o ex-senador, foram adquirimos a título de investimento. “Nós realizamos uma operação completamente normal. Compramos, pagamos e declaramos à Receita Federal”, explicou.
O parlamentar federal informou que pagou pelo imóvel e possui a comprovação. “Além disso, o apartamento está na minha declaração de imposto de renda, assim como na do meu pai e na dos meus irmãos. Isso foi um investimento, realizado por meio de uma compra lícita”, disse.
Redação com revista Época e Assessoria